Desbravando Caminhos: Orientação Vocacional no 9º ano

No complexo labirinto da adolescência, um dos momentos cruciais que os estudantes enfrentam é a escolha vocacional no 9.º ano. É uma fase de transição marcante, onde os jovens são confrontados com a tarefa incerta de decidir o rumo das suas vidas futuras. No entanto, este caminho está longe de ser simples. Para muitos, a ansiedade torna-se uma companheira constante durante este processo, inquietando o caminho e gerando dúvidas profundas sobre si mesmos e sobre o futuro que se apresenta.

A ansiedade é impulsionada por vários fatores, incluindo pressões sociais, expectativas familiares, dúvidas pessoais e a incerteza sobre o desconhecido. À medida que estes enfrentam a perspetiva de tomar decisões que irão moldar os seus caminhos académicos e profissionais, muitos sentem-se sobrecarregados pelo peso dessa responsabilidade.

Sob outra perspetiva, a pressão social desempenha um papel significativo na experiência da ansiedade durante esta fase da vida. Numa sociedade onde o sucesso é frequentemente medido em termos de realização profissional e status, os jovens enfrentam expectativas implícitas e explícitas de que devem encontrar uma carreira que não só os sustente financeiramente, mas também os faça sentirem-se realizados e bem-sucedidos. Essa pressão pode despoletar um senso de urgência e inadequação, gerando preocupações nos estudantes como se estivessem a correr contra o relógio para encontrar a sua vocação. Por outro lado, as expectativas familiares desempenham um papel significativo na ansiedade dos estudantes. Muitos jovens sentem o peso das expectativas dos pais e familiares, que podem ter as suas próprias ideias sobre o que constitui uma carreira bem-sucedida e recompensadora. O desejo de satisfazer essas expectativas pode levar os estudantes a sentirem-se pressionados a seguir um caminho que não necessariamente transparece os seus interesses e paixões pessoais.

É natural que nesta fase, se debatam com questões profundas sobre quem são, quais são os seus verdadeiros interesses e habilidades e o que desejam alcançar nas suas vidas. Essas dúvidas podem ser exacerbadas pela falta de clareza sobre as opções disponíveis e pelas consequências a longo prazo das suas decisões. O futuro é um território desconhecido, cheio de possibilidades e desafios imprevistos. A perspetiva de fazer escolhas que irão moldar esse futuro pode ser assustadora, especialmente quando acompanhada pela sensação de que uma escolha errada pode levar a consequências irreversíveis.

Diante deste cenário desafiador, os pais desempenham um papel crucial no apoio e orientação dos seus filhos. É fundamental que, os pais estejam presentes, atentos e recetivos às necessidades emocionais e práticas dos seus filhos enquanto navegam por esse período agitado das suas vidas. Uma das maneiras mais importantes pelas quais os pais podem ajudar é oferecer um ambiente de apoio e compreensão onde os filhos se sintam seguros para expressar as suas preocupações, medos e dúvidas. Isso significa ouvir atentamente, sem julgamento, e validar os sentimentos dos seus filhos, reconhecer que a ansiedade durante esta fase é uma reação natural. Também os psicólogos podem desempenhar um papel ativo na orientação e apoio dos jovens durante este período, ajudando-os a explorar uma variedade de interesses e atividades que possam ajudá-los a descobrir as suas paixões e habilidades.

Em última análise, é importante que os pais estejam presentes e disponíveis oferecendo apoio, orientação e amor incondicional enquanto atravessam este desafio. Ao criar um ambiente de apoio e compreensão, os pais podem ajudar a reduzir a ansiedade dos seus filhos e capacitá-los a tomar decisões que os levem em direção a um futuro promissor e significativo.

Texto: Catarina Oliveira, psicóloga do AEL no âmbito do PNPSE.